Graças a uma série de mudanças estruturais e genéticas, aliadas ao marketing entorno do assunto, o consumo da carne suína no Brasil saiu de 6kg anuais por pessoais e passou para atuais 13 kg. Ainda assim, o país não consome nem 20% de sua produção total, estimada 3,73 milhões de toneladas, e enfrenta o desafio de desmistificar o produto, ampliando a abrangência dentro de nossas fronteiras. Neste cenário, Mato Grosso, o quinto maior produtor do país, contribuiu com 205 mil toneladas exportadas no último ano, dando claros sinais de expansão do setor.
Ao Agro Olhar, o presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), assegura que o produto hoje é atestado por instituições médicas respeitadas no país, como o Hospital Albert Einstein. “Não existe mais aquele cenário que se tinha nos anos 70, com chiqueiros sujos e falta de cuidado com os animais. Todas as mudanças pelas quais o país passou para poder exportar acabaram criando uma carne mais magra, melhor recomendada que a carne de boi, em muitos casos.”
Para além destes fatores, a carne de porco oferece à gastronomia um leque variado de opções e sabores: são mais de 100 cortes semelhantes aos famosos nomes bovinos. A carne, branca, com menor teor de gordura, também é recomendada para quem tem hipertensão, uma vez que os porcos não tem sal incluído em sua alimentação, ao contrário dos bois. “Entre as pessoas que consumem mais carne de porco a prevalência de diabetes é menor”, afirma Custódio.
Especialistas apontam que, por ser a carne mais consumida no mundo e estar em um processo de desmistificação, há um grande potencial a ser explorado no Estado, que apresenta um setor estruturado. Sendo assim, a expectativa é que até 2025 o produto passe por um boom e apresente um consumo ainda maior. Em visita aos principais polos de suinocultura do país, o representante do projeto técnico-jornalístico Expedição Suinocultura, Giogrio Dal Molin, reforça o processo de expansão experimentado pelo setor.
“Mato Grosso tem tudo pra crescer porque tem água em abundância e fácil as propriedades, é o maior produtor de milho do Brasil e tem mão de obra. O que falta é só investimento em logística, que impede uma melhor distribuição. E isso depende do Governo.Há um trabalho de tirar um pouco dessa ideia de que a carne de porco faz mal. Há estudos, inclusive, que mostram que ela mais é mais saudável que a carne de boi”, diz.
Com relação à questão sanitária, os dois profissionais reforçam a mudança cultural que revolucionou a área. “Mesmo com esses escândalos da carne fraca, há uma grande preocupação,não só dos produtores mas dos frigoríficos e associações, nessa questão e também no aspecto do bem-estar animal”, explica. Isso acontece porque embora o país não tenha um consumo tão forte de carne suína, dependemos majoritariamente da exportação para a Europa, que tem um rigor sanitário muito forte.
Giorgio destaca que o agronegócio nacional mostra sistemas de primeiro mundo, estando frente a frente com Estados Unidos e Europa. “Nas granjas de suínos há uma grande preocupação com o bem-estar animal, eles não estão amontoados, há baias maiores. Além disso tem acompanhamento veterinário, é difícil chegar em um lugar que os bichos estejam tristes. É difícil ver um suinocultor que não gosta do que faz, eles são muito apaixonados pelo negócio, então não é comum algum empreendedor com registro de maus-tratos, há sempre acompanhamento. Isso compensa para todo o ciclo produtivo, não apenas para manter o animal bem até o abate.”
Fonte: Agro Olhar
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